Para homenagear as mães pelo seu Dia, em especial as mães médicas, a revista digital Notícias Médicas, da APM Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, procurou quatro médicas para cada uma expor a sua visão e conduta sobre um tema específico dessa sublime missão de criar e educar filhos. São ótimas reflexões. Acompanhe cada uma!
Dra. Tatiana de Moura Guerschman
Especialidade: Ortopedia e Traumatologia
Mãe de Luiz Fernando Guerschman, 11 anos, e de Ana Laura Guerschman, 8 anos
Uma das preocupações das mães é em relação aos cuidados com a saúde dos filhos. Nesse ponto, ser uma mãe médica facilita nessa tarefa?
“As mães passam por muitas preocupações e responsabilidades na criação e formação dos filhos. Os cuidados com a saúde é um dos pontos cruciais, que merecem acompanhamento constante de uma mãe, especialmente na primeira infância. É quando o assunto é saúde, é comum as pessoas acreditarem que uma mãe médica tira de letra essa tarefa. Na minha opinião, ser médica não facilita a tarefa de ser mãe. Muitas vezes situações simples e corriqueiras para uma mãe podem dar lugar a muitas possibilidades na cabeça de uma médica. Portanto, meus filhos sempre tiveram os médicos deles e eu sempre segui as orientações sugeridas por eles, sem interferir. Fica mais leve assim!.”
Dra. Eliana Kiyomi Yamashita Vallejo
Especialidade: Cirurgia e Ecografia Vascular
Mãe de Arthur Yamashita Vallejo, 6 anos, e Pedro Yamashita Vallejo, 10 anos
Como conciliar a carreira médica e a maternidade de forma saudável?
“Vivenciando de verdade e com a verdade com as crianças. Sempre conversamos e explicamos de forma transparente todos os assuntos. Eles entendem que a mãe deles se dedica aos estudos, tem uma profissão que AMA e tem pessoas lá fora precisando do meu atendimento, o que me enche de alegria! Sinto ser um exemplo positivo para eles agindo assim. Mas é preciso organização e planejamento: boa escola, minha funcionária da casa, meu marido e também os avós. Sair de plantões e da rotina hospitalar trouxe um resultado muito importante para mim. Consigo adaptar minha agenda de trabalho com a agenda das crianças (entrada e saída da escola, lição de casa e estudo juntos, festas). Procuro aproveitar os momentos que estou com eles com QUALIDADE. Acredito que o segredo é saber conciliar o sucesso profissional e a realização pessoal de ser mãe com serenidade e bom senso, sem culpas. Aprendizados que a maturidade me proporcionou. Como o escritor cubano José Martí escreveu sobre as três coisas que uma pessoa deve fazer na vida, cada dia eu planto com eles a semente da nossa árvore da vida, para escrevermos juntos o nosso livro!”.
Profa. Dra. Neusa Falbo Wandalsen
Especialidade: Alergia e Imunologia
Mãe do Prof. Dr. Gustavo Falbo Wandalsen, 48 anos, e do economista Fernando Falbo Wandalsen, 50 anos
Como é ser a inspiração profissional do filho?
“Quando o Gustavo me comunicou que iria prestar vestibular para medicina, minha reação foi dizer: Não, por favor! Medicina exige muito sacrifício! Quando a sós com meu marido, ele observou que eu gostava da profissão e que a medicina me proporcionava muitas possibilidades. E assim aconteceu. Eu me formei na Escola Paulista de Medicina, atual UNIFESP, casei-me no quinto ano do curso e meu primeiro filho, o Fernando, nasceu durante a residência em Pediatria. Ele seguiu a carreira das finanças, como o pai. Ainda na residência, fui chamada pela Profa. Dra. Maria Aparecida Zacchi para a FAISA, em Santo André. Quando o Gustavo nasceu, eu já trabalhava na FMABC. O Gustavo cursou a UNICAMP, onde também fez a residência em Pediatria. Em seguida, veio para a Escola Paulista na mesma disciplina que eu havia me pós-graduado. Ele tinha feito um trabalho com um professor na área da Alergia e Imunologia, ido a alguns congressos comigo e conhecia muitos docentes da área. Destacou-se como residente, especialista e pesquisador, e logo defendeu sua tese de mestrado na mesma linha de pesquisa que segui, epidemiologia das doenças alérgicas. Dedicou a tese ao pai pela amizade, à esposa pelo amor e a mim pelo exemplo. No exemplar que me deu escreveu à mão o seguinte (que me emociona até hoje): Mãe, obrigada por tudo. Como você sabe, essa tese é especialmente dedicada a você.Mas não parou por aí. Fez doutorado e concurso para docente da EPM, onde é professor adjunto e chefe da Comissão de Pós-Graduação do Departamento de Pediatria. Atualmente, preside a nossa associação da especialidade, a ASBAI regional São Paulo. Fomos a inúmeros congressos juntos, no Brasil e no exterior. Trabalhamos lado a lado no consultório, por vários anos. Hoje, ambos estamos voltados só para a vida acadêmica, nossa verdadeira paixão. Ele construiu uma família adorável e, junto com a esposa Daniela, me presenteou com uma neta incrivelmente linda, sensível, amorosa e inteligente. Respondendo à pergunta, é maravilhoso ter inspirado esse profissional ético, competente, que ama a profissão de médico e de pesquisador. Sinto muito orgulho, mas, acima de tudo, amor.”
Dra. Cássia Cristina Mirarchi Venci Gonzalez
Especialidade: Pediatria e Alergologia
Mãe de Fernanda Gonzalez, 27 anos, fez administração, e Ana Beatriz Gonzalez, 23 anos, cursa o 6º ano de medicina
O que é ser mãe e médica durante a pandemia do coronavírus, principalmente se a médica trabalha na linha de frente de combate à covid?
“Trabalho na área de Gestão/Apoio Técnico na prefeitura de São Bernardo, sou médica voluntária no ambulatório de Alergia e Imunologia da FMABC e trabalho no PS do Hospital Brasil. Minha filha mais velha, a Fernanda, mora na Inglaterra, e está muito bem. A Ana Beatriz mora na cidade de Jundiaí, onde cursa o 6º ano de medicina, está na fase do internato e trabalha na linha de frente da Covid-19, como eu. Com a pandemia, nós duas vivemos uma situação muito complicada, porque meu marido apresenta comorbidades, sendo do grupo de risco. Para preservar a saúde do pai, a Ana Beatriz fica muito tempo sem vir para a casa. Em dezembro, ela pegou covid, momento que me fez deparar com a triste situação de não poder cuidar dela, mesmo a minha profissão ser cuidar da saúde das pessoas. Amo minha profissão, mas nós da área da saúde vivenciamos um período de grande estresse, porque lidamos diariamente com o sofrimento das pessoas, com a perda de colegas, com o risco maior de nos infectarmos. Como mãe, também fico receosa dela contrair a doença novamente e ter complicações. Em contrapartida, nós dividimos nossas incertezas, nossas angústias, e isso é bom. Enfim, ser inspiração de conduta ética, de responsabilidade e de humanidade para minha filha é uma grande recompensa.”