Dra. Teresa Cristina Cordeiro Satt
CRM 26349
Gastroenterologia e Endoscopia
Na sua visão, quais são os principais desafios que o médico enfrenta ao tentar equilibrar uma carreira exigente com a vida pessoal?
Acho que o mais difícil é coordenar a vida profissional com a familiar, sobretudo para o médico jovem. É necessário progressão na carreira, aumento salarial, projeção, trabalhos científicos etc. Eu, por exemplo, ainda era residente quando tive o meu primeiro filho, situação que me levou a voltar ao trabalho em um hospital 15 dias após o seu nascimento, por isso, eu não o amamentei – naquela época, além de ganhar muito pouco, o residente não tinha esse direito. Muitas vezes estava de plantão em um belo domingo de sol, enquanto os filhos estavam em casa, sendo que poderiam estar em um parque com os pais. Não fosse minha sogra e a babá, não sei como teria feito, até porque meu marido também era residente e tinha uma rotina também difícil, além da obrigação de prover a família. No segundo filho, eu já era médica contratada, então fiquei dois meses em casa.
A senhora acredita que para a médica mulher o cenário é mais desafiador?
Sem dúvida, mesmo com as mudanças de comportamento da atualidade. Isso porque, embora o homem moderno participe bastante das tarefas domésticas e dos cuidados com os filhos, a “casa” ainda continua sendo uma responsabilidade feminina.
Com a evolução da informática, ocorreram mudanças comportamentais tanto no campo profissional como no pessoal. Nesse sentido, a senhora avalia que os jovens médicos têm uma forma diferente de encarar as demandas ou não?
Na minha visão, o jovem médico perdeu muito com a informática. Explico: ele perdeu na profissão, na família… e ganhou no EU, isso porque se tornou mais egocêntrico. Enquanto a informática tem revolucionado o atendimento médico, permitindo diagnósticos mais rápidos e precisão no tratamento, alguns profissionais se distanciaram da abordagem mais humana, especialmente os médicos mais jovens que cresceram em um mundo digital. Hoje, é comum o médico achar que sabe de tudo, às vezes, basta ir ao Google para encontrar a resposta (nem sempre verdadeira). Com exceções, é comum o profissional atender sem sequer “olhar na cara” do paciente. Ou seja, o uso inadequado da tecnologia por muitos profissionais gerou um distanciamento e a falta de envolvimento com o paciente, reduzindo o tempo de contato humano e escuta atenta, elementos fundamentais para um atendimento humanizado e a realização de uma completa anamnese.
Quais estratégias de planejamento e organização seria recomendado para que médicos possam gerenciar melhor o tempo entre suas responsabilidades profissionais e pessoais?
Avaliar e quantificar a importância de cada área, sem “roubar” de uma para a outra, para a elaboração de estratégias que satisfaça as prioridades definidas. Claro que em alguns momentos a profissão irá precisar mais que a família ou vice-versa, mas deverá haver compensação depois.
Qual a importância de atividades de lazer ou hobbies na vida do médico?
Atividades de lazer e hobbies são muito importantes, justamente porque desempenham um papel fundamental no bem-estar físico e mental, como redução do estresse, melhora da criatividade e foco e, especialmente, recupera as relações familiares e recarrega a vida afetiva.
Quais são as principais formas que a senhora utiliza para lidar com o estresse e evitar o desgaste emocional?
A prática de hobbies e de lazer, como viagens e reuniões familiares ou com amigos; às vezes, um simples cafezinho com alguém já é suficiente para carregar as minhas energias.
O apoio familiar é fundamental para que o médico consiga equilibrar trabalho e vida pessoal?
Sem dúvida! Poder contar com uma rede de apoio familiar, permite que o médico, tanto homem como mulher, consigam dedicar um tempo maior ao trabalho sem prejuízo à família.
CRM: 39038
Médico urologista. Assistente da faculdade de Medicina do ABC
O trabalho médico normalmente envolve muita pressão e longas horas de trabalho. Na sua visão, essa rotina pode impactar a saúde mental e emocional dos profissionais?
Sim, pode impactar, por ser várias horas de trabalho é muito desgastante e temos a responsabilidade com a vida dos pacientes.
O sistema de trabalho atual na medicina precisa de mudanças para permitir um maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal?
A verticalização da medicina está diminuindo o número de pacientes nos consultórios particulares, inclusive com vários consultórios sendo desativados, diminuindo a remuneração médica acarretando menos lazer.
A tecnologia avançou consideravelmente nas últimas décadas. Isso tem ajudado os médicos a melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional?
O avanço da tecnologia colaborou com diagnósticos mais precisos, além de técnicas cirúrgicas menos invasivas, que podem dar um equilíbrio emocional melhor para o profissional.
Além da rotina diária em clínicas e hospitais, o médico tem que estar sempre participando de atividades de educação médica continuada, como congressos. Com tudo isso, é possível ainda garantir tempo de qualidade com a família e amigos?
A capacitação do profissional é sempre muito importante, mas como esses congressos costumam ser em feriados prolongados fica mais difícil garantir um tempo com a família e amigos.
O Burnout e muitos outros problemas são uma preocupação constante na medicina. Na sua visão, quais medidas devem ser tomadas para prevenir condições que prejudicam a saúde? O senhor tem condutas nesse sentido?
A Burnout pode ser prevenida se a pressão na quantidade de atendimento/encaixe for menor, tanto no serviço público e medicina de grupo.
Que conselhos o senhor daria aos médicos em início de carreira que já estão preocupados em conciliar a profissão com a vida pessoal?
Tentar conciliar com atividades físicas e lazer, auxiliando para diminuição do estresse e tento manter um ciclo de amizade.
O senhor mantém condutas que visam conciliar a sua carreira com uma vida pessoal equilibrada e saudável? Quais são?
Mantenho atividade física regular ativa, além de procurar viajar com a família.
Dr. Guilherme Marques
CRM-SP 198.679
Especialização Saúde da Família – Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Membro da Comissão Nacional do Médico Jovem da Associação Médica Brasileira (AMB) e Membro da Comissão Especial do Médicos Jovens da Associação Paulista de Medicina (APM)
O trabalho médico envolve, normalmente, muita pressão e longas horas de trabalho. Na sua visão, essa rotina pode impactar a saúde mental e emocional dos profissionais?
Sem dúvida, a rotina intensa e a pressão constante inerentes à prática médica impactam significativamente a saúde mental e emocional dos profissionais. Lidar diariamente com situações críticas, tomar decisões que afetam vidas e enfrentar longas jornadas de trabalho são desafios que já vivenciei pessoalmente e que contribuem para o estresse e o esgotamento. Diversos estudos na literatura médica corroboram essa realidade em um dos momentos recentes mais trágicos da nossa história. Por exemplo, Yin et al. (2023) demonstraram que longas horas de trabalho estão positivamente associadas a sintomas depressivos entre profissionais de saúde que estiveram na linha de frente da COVID-19, mediado pelo Burnout. Além disso, o suporte familiar e organizacional pode moderar esses efeitos negativos, reduzindo o Burnout e, consequentemente, os sintomas depressivos. Teoh et al. (2023) realizaram uma meta-análise que mostrou que as condições de trabalho percebidas pelos médicos, como altas demandas e recursos limitados, estão fortemente associadas ao bem-estar psicológico e à qualidade do cuidado ao paciente. Demandas elevadas preveem exaustão emocional, enquanto recursos adequados estão associados a maior engajamento e menor exaustão. Esses estudos reforçam o que muitos de nós sentimos na prática diária: a alta pressão e as longas horas de trabalho afetam nossa saúde mental e emocional. O primeiro e essencial passo é reconhecer esses desafios e buscar estratégias para gerenciar o estresse, mantendo o equilíbrio emocional. Acredito que intervenções organizacionais e suporte social são fundamentais para mitigar esses efeitos. Precisamos promover ambientes de trabalho saudáveis que valorizem o bem-estar do profissional, pois um médico saudável é crucial para oferecer um cuidado de qualidade aos pacientes.
O sistema de trabalho atual na medicina precisa de mudanças para permitir um maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal?
Acredito firmemente que o sistema de trabalho atual na medicina necessita de mudanças para permitir um maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Tenho observado que a carga de trabalho excessiva, especialmente com a burocracia associada ao uso de registros eletrônicos de saúde, é um fator significativo para o Burnout entre médicos, particularmente na atenção primária. Reduzir a carga de trabalho clínico e compensar adequadamente o tempo dedicado a essas tarefas são estratégias essenciais para melhorar o bem-estar dos profissionais. Além disso, a pressão constante para maximizar o desempenho, mesmo diante da escassez de especialistas, contribui para o esgotamento emocional e o desequilíbrio entre vida profissional e pessoal. Como muitos colegas, acredito que a implementação de jornadas de trabalho mais flexíveis e a redução das horas trabalhadas podem mitigar esses efeitos negativos. A cultura médica também precisa de uma transformação significativa. Promover um ambiente de trabalho mais positivo e de apoio é essencial para reduzir o estresse e melhorar a qualidade de vida dos médicos. Mudanças nos programas de residência e especialização, oferecendo currículos mais estruturados e oportunidades de trabalho em meio período, são necessárias para atender às necessidades dos médicos mais jovens e suas expectativas de estilo de vida. Por fim, a gestão das horas de trabalho é crucial, pois há uma associação clara entre longas jornadas e problemas de saúde mental, incluindo transtornos mentais comuns e ideação suicida entre médicos em formação. Reduzir as horas de trabalho pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a saúde mental dos profissionais. São mudanças que penso serem efetivas para criar um ambiente de trabalho mais sustentável e saudável para os profissionais de saúde, o que, em última análise, melhora não apenas o bem-estar dos médicos, mas reflete na qualidade do atendimento aos pacientes.
A tecnologia avançou consideravelmente nas últimas décadas. Isso ajudou os médicos a melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional ou contribuiu para gerar mais estresse?
A tecnologia, sem dúvida, trouxe avanços significativos para a medicina nas últimas décadas, e tenho vivenciado isso em minha própria prática. Ferramentas como a telemedicina e os prontuários eletrônicos otimizam processos e facilitam o acesso a informações, economizando tempo e proporcionando mais flexibilidade no atendimento aos pacientes – além de ser um passo rumo à interoperabilidade (que mereceria uma reportagem só para isso). O intuito é que gerenciemos melhor nossas agendas e tenhamos mais controle sobre nossas práticas médicas. No entanto, também reconheço que a tecnologia pode ser uma fonte adicional de estresse, especialmente para gerações que não tem familiaridade. O uso de sistemas eletrônicos de saúde nem sempre é intuitivo e pode adicionar tarefas administrativas à nossa rotina já carregada, diminuindo a satisfação profissional. Além disso, a constante expectativa de disponibilidade, alimentada por ferramentas digitais, pode invadir nosso tempo pessoal e aumentar o estresse. Acredito que o impacto da tecnologia depende de como a integramos em nossa rotina. Se implementada com suporte adequado e políticas institucionais que auxiliem na gestão dessas ferramentas, a tecnologia pode ser uma grande aliada. A chave está em encontrar um equilíbrio que maximize os benefícios e minimize os riscos, permitindo que aproveitemos os avanços tecnológicos para melhorar nossa prática médica sem sacrificar nosso bem-estar e vida pessoal. Em suma, é essencial adotarmos abordagens conscientes, mas também receber o suporte necessário para que não se torne uma fonte adicional de estresse.
Além da rotina diária em clínicas e hospitais, o médico tem que estar sempre participando de atividades de educação médica continuada, como congressos. Com tudo isso, é possível ainda garantir tempo de qualidade com a família e amigos?
Conciliar a rotina intensa com as atividades de educação médica continuada é, sem dúvida, desafiador e exige planejamento, mas acredito que é possível garantir tempo de qualidade com a família e amigos. Tenho experimentado isso em minha própria vida profissional, porém sempre se faz necessário interpelar a insistência que absorvemos do marketing em “comprar mais um curso que não terei tempo para participar”. Planejamento e organização são fundamentais nesse processo. Optar por cursos on-line, participar de eventos locais e estabelecer prioridades podem ajudar a minimizar o tempo afastado do convívio pessoal. A literatura médica oferece várias estratégias para ajudar os médicos a equilibrar suas vidas profissionais e pessoais. Práticas que promovem a presença plena (também chamada de mindfulness) e a conexão com os pacientes, como preparar-se com intenção, ouvir atentamente, concordar sobre o que é mais importante, conectar-se com a história do paciente e explorar pistas, podem melhorar a eficiência no trabalho, liberando tempo para a vida pessoal, além de tornar tudo mais interessante. Além disso, estratégias institucionais e individuais para o bem-estar, como horários que permitam o autocuidado e tempo protegido para atividades pessoais, são fundamentais. Técnicas de gerenciamento de tempo, como definir metas de curto e longo prazo, estabelecer prioridades, planejar e organizar atividades e minimizar desperdícios de tempo, podem aumentar a produtividade e a satisfação profissional. Um livro que acho bárbaro sobre essa temática é a “Tríade do Tempo” do Christian Barbosa. A satisfação na carreira e na vida também está associada a fatores como amor intrínseco pelo trabalho, uma rede social rica, relações médico-paciente gratificantes, um sistema de orientação baseado em valores e autonomia no ambiente de trabalho. Respeitas esses aspectos pode contribuir significativamente para o bem-estar geral.
O Burnout e muitos outros problemas são uma preocupação constante na medicina. Na sua visão, quais medidas devem ser tomadas para prevenir condições que prejudicam a saúde?
A prevenção do Burnout e de outros problemas de saúde é uma preocupação que levo muito a sério, tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Acredito que uma abordagem abrangente é essencial para enfrentar esses desafios. As instituições de saúde têm um papel fundamental nesse processo, devendo promover ambientes de trabalho saudáveis, oferecendo suporte psicológico, horários flexíveis e cultivando uma cultura que valorize o bem-estar dos profissionais. Para nós, como médicos, investir em autocuidado é indispensável. Tenho me empenhado em praticar atividades físicas regularmente, manter uma alimentação equilibrada e estabelecer horários para dormir – porém nem sempre tenho sucesso, é desafiador. Essas práticas têm sido comprovadamente eficazes para melhorar o bem-estar e reduzir o estresse. Além disso, as intervenções organizacionais são cruciais. Criar um ambiente de trabalho que promova a satisfação profissional, o engajamento e a compaixão podem nos proteger contra o burnout. Isso inclui receber suporte institucional para o nosso bem-estar, melhorar a eficiência no local de trabalho e participar de programas que promovam a resiliência individual. Acredito que a combinação de esforços individuais e mudanças estruturais nas instituições é a chave para aumentar nossa resiliência e melhorar o bem-estar geral. Educação sobre burnout, treinamento em habilidades de comunicação e intervenções cognitivas e comportamentais também são estratégias importantes que devem ser adotadas.
Quando essas estratégias são integradas de forma eficaz, podemos mitigar o Burnout e promover a saúde dos profissionais de saúde. Para mim, é fundamental que continuemos a promover uma cultura de bem-estar, tanto em nível pessoal quanto institucional, para que possamos oferecer o melhor cuidado aos nossos pacientes e manter nossa própria saúde e satisfação profissional.
O senhor mantém condutas que visam conciliar a sua carreira com uma vida pessoal equilibrada e saudável?
Sim, busco constantemente adotar condutas que conciliem minha carreira com uma vida pessoal equilibrada e saudável. Procuro estabelecer limites claros entre o trabalho e o tempo livre, dedico-me a atividades físicas e cultivo hobbies que me proporcionam prazer e relaxamento (como fotografia, leitura e tempo de qualidade com minha família e pet). Esses relacionamentos são essenciais para meu bem-estar de modo geral.
Qual a importância de atividades de lazer ou hobbies em sua vida?
As atividades de lazer e hobbies têm um papel fundamental em minha vida. Elas me permitem desconectar das responsabilidades profissionais, reduzindo o estresse e estimulando minha criatividade e satisfação pessoal. Acredito que, em especial, o esporte é uma maneira de “viver vidas dentro da vida”. Os aprendizados, com seus sucessos e fracassos em um curto espaço de tempo, são determinantes para um amadurecimento efetivo, mantendo-me calmo e resiliente.
Dr. Guilherme Marques: Médico formado pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC); Pós-graduado Dermatologia Associação Pele Saudável (APS); Diretor Administrativo da Associação Pan-americana de Medicina Canabinóide (APMC); Diretor Médico do Grupo Educacional Congressos Nacionais em Saúde (CONAES); Sócio e Diretor Médico da Empresa TERPS Brasil; Membro da Comissão de Bioética da OAB-SP na frente da Cannabis Medicinal; Formação Executiva em Gestão de Clínica Médica e Odontológicas na FGV
Dra. Rosana Neves dos Santos
CRM 68816
Especialista em Alergia e Imunologia pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI)
Em sua experiência, é possível conciliar uma carreira médica exigente com uma vida pessoal equilibrada e saudável?
Não é fácil, mas é possível! No início da minha carreira, foi um período mais conturbado, com filhos pequenos, plantões e residência médica, mas sempre tentei equilibrar o trabalho com a vida pessoal, principalmente com a família. Fazer faculdade de medicina e construir uma família sempre foram escolhas de vida para mim. Não quero romantizar essa conciliação, pois há períodos mais difíceis, em que temos vontade de largar tudo. No entanto, vamos aprendendo a dinâmica da vida e como torná-la mais viável e menos caótica. Com o tempo, passei a priorizar momentos com meus filhos, como levá-los ou buscá-los na escola, participar das atividades deles e ter pelo menos um dia do fim de semana sem pensar em trabalho. Não posso deixar de mencionar minha rede de apoio, especialmente meus pais, que foram fundamentais nessa fase da minha vida e me ajudaram muito a dar conta de tudo o que fiz. Com o passar do tempo, a vida profissional vai tomando um rumo mais controlado por nós, os filhos crescem e fica mais fácil conciliar tudo.
Quais estratégias a senhora usa no dia a dia para conseguir equilibrar as demandas do trabalho e os compromissos pessoais?
Organizo meus horários e me disciplino para cumpri-los. Nem sempre foi assim, mas atualmente tenho o privilégio de me priorizar também. Defino meus horários de trabalho estrategicamente para manter o tempo reservado para a atividade física e para fazer coisas que gosto, como estar com a família e amigos.
Quais são as principais formas que a senhora utiliza para lidar com o estresse e evitar o desgaste emocional?
Tenho algumas ferramentas para lidar com o estresse. Quando percebo que estou acelerada demais, com muitas demandas ao mesmo tempo, faço uma pausa (costumo dizer que preciso “resetar o cérebro” rs). Vou tomar um café, por exemplo, e nesse momento revejo as prioridades, ou faço uma caminhada ou vou à academia, de preferência com uma trilha sonora. Depois disso, consigo voltar às minhas demandas. Claro que esse processo de reconhecer os momentos de pausa e agir de acordo com o que é preciso foi algo que trabalhei bastante, para manter o funcionamento de toda a engrenagem.
Apesar de uma agenda normalmente tão cheia, é possível cuidar da saúde física?
Atualmente, sim, e digo mais: para manter a energia no trabalho e a saúde mental em dia, preciso desse cuidado. Nós, mulheres, além da demanda de trabalho, temos também a casa, filhos e família para orquestrar. Na idade da menopausa, como é o meu caso, cuidar da saúde torna-se ainda mais fundamental. Caso contrário, é difícil fazer tudo isso com energia e disposição.
Nessa linha, a senhora pratica exercícios regularmente ou segue uma rotina de cuidados com a saúde?
Faço exercícios cinco vezes por semana, principalmente de resistência, pensando na autonomia para o futuro. Também pratico atividades mais divertidas, como beach tennis. Já fiz outras, como sapateado e badminton, mas vou me adaptando ao que é possível em cada momento. Tenho uma alimentação saudável, mas sem neuras, complementando a atividade física.
Qual a importância de atividades de lazer ou hobbies em sua vida?
Sou uma pessoa que adora aprender coisas novas e conhecer lugares. Não consigo viver apenas em função do trabalho. Gosto muito de viajar, ter contato com a natureza e a música ocupa um lugar muito importante na minha vida — fiz aulas de piano na infância. Tenho uma trilha sonora para cada momento. Também tenho alguns projetos em mente, como fazer cursos de fotografia e história da arte (rs). Por isso, cada vez mais priorizo atividades que me dão prazer, pois elas acabam me dando mais energia para o trabalho.
Que conselhos daria para os médicos que estão começando agora e já se preocupam com o equilíbrio entre carreira e vida pessoal?
Avaliem as possibilidades que a carreira médica oferece. Procurem trabalhar com aquilo que vocês se identificam e que faça parte dos seus propósitos de vida (afinal, passarão mais tempo no trabalho do que com a família). Não esqueçam de organizar a gestão financeira, mas lembrem-se também de que existe vida além da profissão, e ela vai ajudar a guiar melhor suas escolhas profissionais.
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